Estudantes fazem provas e têm lição de casa; coordenação de educação indígena estadual defende avaliação específica
Cheiro de mato, zumbido de insetos e ruído de água correndo próximo dali. No meio da Mata Atlântica de Sete Barras, a 250 quilômetros de São Paulo, uma clareira abriga uma casa grande e térrea, com salas arejadas. As paredes são preenchidas por cartazes rabiscados com letra de criança.
Num deles, de caligrafia madura, lê-se: "A educação escolar indígena guarani é como uma árvore: hoje tem folhas onde antes não tinha nada. Os troncos são os caciques; os galhos são lideranças; as folhas são os professores e as frutas são os alunos". O texto é de autoria de Celso Aquiles, professor da Escola Estadual Indígena Aldeia Peguao-Ty.
Com 35 alunos e 3 professores, a escola oferece ensino fundamental à aldeia guarani, que fica ao lado - no primeiro ano, as aulas são ministradas em guarani. "Os alunos aprendem história, geografia, matemática, artes e nossos costumes", conta o vice-diretor Odair Eusébio.
A escola tem uma rotina como outra qualquer: intervalo, provas e lição de casa. "Até os pequenos, que não estão na idade de estudar, gostam das aulas", diz o professor Leonardo da Silva.
Avaliação. Segundo Deusdith Velloso, coordenadora de educação indígena da Secretaria Estadual de São Paulo, a pasta discute um novo curso de formação de professores, já que a demanda é alta. "Só uma formação especial faz com que o aluno indígena enxergue o mundo e progrida com ele." Segundo ela, assim como o governo federal, o estadual deveria criar avaliação própria para escolas indígenas - hoje, elas são avaliadas pelos índices das escolas regulares, como Saresp e Ideb.
Mariana Mandelli - O Estado de S.Paulo
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