quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Aluno aprende 68% mais com bom professor

O conceito de que o aluno é quem faz a escola acaba de ser derrubado com a revisão de quase 200 artigos científicos nacionais e internacionais sobre Educação, reunidos em único estudo chamado Caminhos para Melhorar o Aprendizado. De acordo com o documento, alunos dos melhores professores aprendem 68% mais do que os colegas orientados pelos piores docentes. Quantidade de alunos por sala, apoio e estrutura da escola também são fundamentais para esses resultados.
Fruto de um trabalho conjunto entre a Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República, Instituto Ayrton Senna e movimento Todos pela Educação, o levantamento considerou apenas as pesquisas cuja amostra contou pelo menos com 2 mil pessoas ou cem escolas – entre instituições de ensino fundamental e médio.
A compilação reúne dados a partir de experiências em salas de aula que obtiveram resultados positivos para o aprendizado. De acordo com o documento, os textos analisados e tornados públicos demonstram que “uma boa escola e um bom professor são indispensáveis para o aprendizado do aluno”.
Os estudos demonstram que a qualidade do professor é a coisa mais importante da escola. E nem sempre os educadores com mais tempo de carreira e com a melhor formação acadêmica são os melhores. De acordo com Barros, as pesquisas não apontam exatamente as características que o bom docente tem – ou deveria ter –, mas argumenta que “todo aluno e toda direção sabe quando o professor é bom”. E frisa: “Os alunos realmente aprendem.”
Especialistas e gestores ouvidos pela reportagem sustentam que a educação continuada do educador é fundamental para seu desempenho em sala. Para Paes de Barros, as escolas deveriam ter fichas – semelhantes a dos médicos – com um tipo de diagnóstico escolar do estudante, além de avaliações, como a Prova Brasil, todos os anos. “Ajudaria a medir o quanto as crianças aprenderam”.
Outros fatores 
Se os progressos no campo da educação dependem do corpo docente de cada instituição de ensino, há outros fatores que também interferem nesse processo. Salas com até 15 alunos aprendem 44% mais que aquelas com 22 pessoas. Aulas com mais de 50 minutos não ampliam a absorção de conhecimento, mas as faltas são extremamente prejudiciais ao ensino: uma aula a menos em cada dia letivo leva a uma queda de 44% no aprendizado. O mesmo baixo porcentual é percebido quando há redução de quatro dias de aula por mês ou crescimento da turma em 30%.
“A exposição do aluno ao professor é importante”, acrescenta o professor André Portela, coordenador do Centro de Microeconomia Aplicada da Fundação Getúlio Vargas e também participante do estudo Caminhos. Para ele, o ambiente escolar, bem como o tempo que a criança passa na escola são determinantes para o seu desenvolvimento.
O foco do estudo é a educação básica. É nesse período, que inclui desde a alfabetização dos pequenos, aos 6 anos, até a conclusão do ensino médio, com 17 anos, que o aluno desenvolve várias competências. Por exemplo: “raciocínio, habilidades analíticas e tomadas de decisões”, aponta Portela.
Outras variáveis interferem no aprendizado, como número de alunos em classe, infraestrutura, o envolvimento do aluno e sua capacidade cognitiva, emocional e psicológica.
Contudo, no que diz respeito à formação de um bom educador, Neide afirma que a educação continuada é fundamental.
É com essa formação, segundo a professora da PUC-SP, que o docente aprende a lidar com o magistério de fato e aproveita o tempo para, por exemplo, saber como lidar com o aluno hiperativo, displicente, acomodado.
“A formação continuada é importante para encontrar formas de adequar seu conhecimento à realidade dos alunos”, concorda Flavinês Rebolo, professora do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Católica Dom Bosco, em Campo Grande, Mato Grosso do Sul.
A educação, no Brasil, só poderá avançar se o País voltar a considerar a educação, não como uma forma de obter títulos e status, mas como o centro onde se “amplia o conhecimento, de humanizar o ser humano por meio do aprendizado”.
Finalmente, a reestruturação do magistério e a valorização do profissional, com melhores salários e condições de trabalho, são, para Flavinês, outro fator importante na formação de um bom profissional e do progresso do ensino brasileiro.




Nenhum comentário:

Postar um comentário

Olá, seus comentários são muito importantes e terei o maior prazer em publicá-los. Para garantir a todos os leitores o direito de participação nos comentários, precisamos estabelecer regras básicas de moderação, para que haja discussão, mas também respeito. Eu me reservo o direito de excluir comentários e textos que julgar grosseiros, ofensivos, difamatórios, caluniosos, preconceituosos ou de alguma forma prejudiciais a terceiros. Comentários sem a devida identificação de seu autor também poderão ser excluídos. Seja bem vindo\a. Comente, contribua, identifique-se.