terça-feira, 22 de março de 2011

A contribuição dos jesuítas para a educação

Os jesuítas se tornaram poderosíssimos dentro e fora da Igreja: aconselharam reis, educaram a nobreza e controlaram os índios. No esforço de catequese, tanto valia construir colégios quanto usar a força.

 Antes de serem expulsos do país, os jesuítas dominavam o sistema de ensino

O padre Manuel da Nóbrega comandou os primeiros jesuítas a chegarem ao Brasil. Desembarcaram na Bahia, em 1549, na expedição de Tomé de Souza, enviado para ser o governador-geral da colônia. Passados 460 anos, deve-se hoje aos jesuítas a abertura dos primeiros colégios no Brasil (o primeiro deles em Salvador), a valorização do hábito do estudo e grande parte do registro conhecido da cultura indígena. Sem falar na contribuição literária do padre Antônio Vieira (1608-1697), com seus sermões, obra obrigatória do Barroco nacional. Por outro lado, os jesuítas não foram só professores e poetas, mas soldados, empresários e políticos. Defenderam os interesses da coroa e da Igreja, pilotaram empreendimentos comerciais e usaram a mão-de-obra indígena para apoiar a economia de Portugal. 
Anchieta chegou em 1553, na terceira excursão destinada a converter ao catolicismo os povos das novas terras. Era um jovem idealista, de 19 anos, e recebeu de Nóbrega a incumbência de aprender a língua dos índios. No ano seguinte, em 1554, rezou "numa paupérrima e estreitíssima casinha", como descreveu em carta, a missa de fundação de um colégio na vila de Piratininga, origem da cidade de São Paulo. Estava ao lado do cacique guaianá Tibiriçá, maior aliado nativo dos jesuítas, que mandou transferir as ocas e a gente de sua tribo para o entorno do colégio, a fim de garantir sua proteção. Em 1562, veio de fato um grande ataque indígena à vila. O cacique hasteou a bandeira colorida dos guaianazes, amarrada a um pedaço de pau, e, ao lado dos jesuítas, lutou e derrotou os índios tupis e carijós.

Essa capacidade de interagir com os habitantes das colônias se revelou um grande trunfo político para os jesuítas. No Brasil, traduziu-se, por exemplo, na capacidade de recrutar e administrar trabalhadores em meio à população nativa. Em aliança com a coroa, os padres chegaram a ter, sob sua influência, cerca de 80 mil índios aldeados, no século 17.

A posição da Companhia de Jesus no que se refere à escravidão ainda hoje gera polêmica. A ordem era contra a exploração dos índios pelos colonos e bandeirantes, pois argumentava que os nativos tinham alma e podiam ser convertidos à fé católica. De acordo com Jonathan Wright, autor de Os Jesuítas: Missões, Mitos e Histórias, para defender as populações indígenas da escravidão, os jesuítas discursavam contra a prática durante os sermões e eram capazes até de armar as tribos.

O professor de Literatura da Universidade de São Paulo João Adolfo Hansen, em Antonio Vieira - Cartas do Brasil, afirma que o padre escreveu várias cartas a autoridades coloniais, entre 1682 e 1697, opondo-se à escravização de "aldeados" e legitimando a dos índios "de corda". Ou seja, daqueles cativos de tribos inimigas que aguardavam para ser comidos. Mas os padres, na opinião do professor de História da USP Carlos Alberto Zeron, devem ser analisados como homens de seu tempo, que consideravam aceitável a escravidão de não-católicos. "Eles não foram contra a escravidão, inclusive usaram e abusaram dela." Segundo ele, índios serviram de mão-de-obra para abrir estradas, como carregadores ou na defesa militar de conquistas.

Observação: Uma boa leitura sobre o assunto que estamos estudando no momento.

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